terça-feira, 16 de abril de 2013

Doces Recordações!




Meu tamanquinho com moranguinhos desenhado, eu amava-o

Tive uma infância pobre, mas feliz, cresci no meio do mato como macaca sobre árvores, elas não tinham segredos para mim! Brincava de casinha, esconde-esconde, barata no ar, queima e quando juntava a galera da vizinhança nos terços católico habitual o Passa-anel e o Que mês, eram brincadeiras clássicas, hoje são consideradas folclóricas. Que ironia!!! Namoro no escuro era terminantemente proibida pela minha mãe, só de pensar no item passeio no escuro a deixava de “cabelos em pé”. Pasmem, mas obedecíamos severamente.


Na escola isolada fui jogadora de futebol, ótima goleira, diga-se de passagem.
Apelidaram-me de japonesa. Eu não gostava, eu não era descendente imigrante japonês. Hoje sei o motivo do apelido, tenho descendência indígena. Nada contra os japoneses, adoro sachimi e se tiver polvo então? Delícia!




 Tenho dificuldade com a matemática, embora eu saiba que ela está presente em tudo, até no meu caminhar. Infelizmente tenho uma triste recordação referente à matemática. A minha professora do primeiro ano do primário, me solicitou a ida á lousa para resolver uma conta qualquer, como eu não consegui, ela desferiu um soco em minha cabeça de cima para baixo. Eu só tinha sete anos! Chorei muito, mas não reclamei aos meus pais, porque se soubessem, eu apanharia por ter levado um soco da professora. Significava que eu não estava cumprindo com o meu dever de estudar e aprender.
Em outra triste recordação, tive meu caderno lançado ao chão com muita fúria, pela professora a qual não me recordo o nome, já no chamado 4º ano primário, ela o julgou ser um lixo porque eu gostava de desenhar ás margens do caderno e, ele era todo colorido, enfeitado com desenhos de flores. Hoje não sei desenhar, mas me viro muito bem com pintura á lápis e consigo trabalhar bem as cores.

Nunca fui à melhor, mas também nunca fui à pior. Criativa nas redações embora com erros ortográficos. 

A merenda era feita na casa de uma vizinha que era contratada para cozinhar para os alunos. Os adultos cochichavam pelos cantos que a merendeira não era confiável. Com o passar dos anos ela foi embora com sua prole enorme pra grande São Paulo e, outra senhora assumiu a tarefa de cozinhar para os alunos, mas por pouco tempo, logo construíram uma cozinha, um “puxadinho” na própria escola e filha mais velha da vizinha foi contratada. Apresentaram-me o leite ninho e a carne de soja. Era uma delícia fazer chapéu de marinheiro com folhas de caderno, adicionar um pouco de água e ingerir aquela meleca doce. Foi à professora leda que nos ensinou isso, a mesma que atirou meu caderno ao chão.

 Como eu já citei acima a minha escola era isolada (nome dado a escola que se situavam em comunidades rurais), portanto tinha uma fileira de cada série, já explico. Desde o 1º ano ao 4º ano os alunos e professora se acomodavam na mesma sala de aula e, a lousa era dividida em quatro partes pela professora, portanto uma parte para cada fileira, ou seja, série. Era uma alegria todo início de ano mudar de fileira! Era o máximo, sinal de conquista.
 A estrada de terra passava ao lado da escola. Fazíamos companhia a nossa professora que ficava esperando carona de suas colegas que vinham do vilarejo vizinho, Nova Palmira, conhecida popularmente por Minhoca.

 Minha casa ficava cerca de quinhentos metros da escola. Havia certa inimizade entre os “alunos de baixo e os alunos de cima”, é que a escola ficava no meio da antiga fazenda Limoeiro que foi dividida em pequenos sítios.  De vez em quando os meninos rolavam na terra vermelha da estrada e os pais acabavam envolvidos nas brigas de crianças. Os pais “de baixo” e os pais “de cima”.
Havia no pátio da escola uma bela horta construída pelos alunos e pela maravilhosa professora Therezinha, mas nunca usufruímos de nossas verduras, pois a dona do sítio em que a escola estava localizada se sentia no direito de surrupiar nossas hortaliças, inclusive as árvores ornamentais que plantávamos nunca cresciam porque ela levava todas pra sua casa e, claro nunca nos pediu!

 A água vinha do poço que ficava no pátio da escola. Tínhamos que puxar água com balde. Minha mãe não permitia que eu fizesse isso, tinha medo que eu caísse no poço, e as professoras respeitavam a atitude de minha mãe. Sempre perdíamos corda e balde, quando os esquecíamos no pátio da escola e não os guardávamos no “grupo escolar”, era o nome dado ao prédio, quatro paredes com telhado de quatro águas, não havia varanda.
 Na Escola sob o nome de Córrego do Jacu no Bairro das Casinhas estudei desde a primeira a quarta série, quarta série que foi conquistada graças á luta encabeçada pelo meu pai, pois nos anos anteriores a escola só oferecia condições de estudo até a o terceiro ano do primário.




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