Tive uma infância pobre, mas feliz, cresci no meio do mato como
macaca sobre árvores, elas não tinham segredos para mim! Brincava de casinha,
esconde-esconde, barata no ar, queima e quando juntava a galera da vizinhança
nos terços católico habitual o Passa-anel e o Que mês, eram brincadeiras
clássicas, hoje são consideradas folclóricas. Que ironia!!! Namoro no escuro
era terminantemente proibida pela minha mãe, só de pensar no item passeio no
escuro a deixava de “cabelos em pé”. Pasmem, mas obedecíamos severamente.
Na escola isolada fui jogadora de futebol, ótima goleira, diga-se
de passagem.
Apelidaram-me de japonesa. Eu não gostava, eu não era descendente imigrante
japonês. Hoje sei o motivo do apelido, tenho descendência indígena. Nada contra
os japoneses, adoro sachimi e se tiver polvo então? Delícia!
Tenho dificuldade com a
matemática, embora eu saiba que ela está presente em tudo, até no meu caminhar.
Infelizmente tenho uma triste recordação referente à matemática. A minha
professora do primeiro ano do primário, me solicitou a ida á lousa para
resolver uma conta qualquer, como eu não consegui, ela desferiu um soco em minha
cabeça de cima para baixo. Eu só tinha sete anos! Chorei muito, mas não
reclamei aos meus pais, porque se soubessem, eu apanharia por ter levado um
soco da professora. Significava que eu não estava cumprindo com o meu dever de
estudar e aprender.
Em outra triste recordação, tive meu caderno lançado ao chão com
muita fúria, pela professora a qual não me recordo o nome, já no chamado 4º ano
primário, ela o julgou ser um lixo porque eu gostava de desenhar ás margens do
caderno e, ele era todo colorido, enfeitado com desenhos de flores. Hoje não
sei desenhar, mas me viro muito bem com pintura á lápis e consigo trabalhar bem
as cores.
Nunca fui à melhor, mas também nunca fui à pior. Criativa nas
redações embora com erros ortográficos.
A merenda era feita na casa de uma vizinha que era contratada para cozinhar para os alunos. Os adultos cochichavam pelos cantos que a merendeira não era confiável. Com o passar dos anos ela foi embora com sua prole enorme pra grande São Paulo e, outra senhora assumiu a tarefa de cozinhar para os alunos, mas por pouco tempo, logo construíram uma cozinha, um “puxadinho” na própria escola e filha mais velha da vizinha foi contratada. Apresentaram-me o leite ninho e a carne de soja. Era uma delícia fazer chapéu de marinheiro com folhas de caderno, adicionar um pouco de água e ingerir aquela meleca doce. Foi à professora leda que nos ensinou isso, a mesma que atirou meu caderno ao chão.
A merenda era feita na casa de uma vizinha que era contratada para cozinhar para os alunos. Os adultos cochichavam pelos cantos que a merendeira não era confiável. Com o passar dos anos ela foi embora com sua prole enorme pra grande São Paulo e, outra senhora assumiu a tarefa de cozinhar para os alunos, mas por pouco tempo, logo construíram uma cozinha, um “puxadinho” na própria escola e filha mais velha da vizinha foi contratada. Apresentaram-me o leite ninho e a carne de soja. Era uma delícia fazer chapéu de marinheiro com folhas de caderno, adicionar um pouco de água e ingerir aquela meleca doce. Foi à professora leda que nos ensinou isso, a mesma que atirou meu caderno ao chão.
Como eu já citei acima a
minha escola era isolada (nome dado a escola que se situavam em comunidades
rurais), portanto tinha uma fileira de cada série, já explico. Desde o 1º ano
ao 4º ano os alunos e professora se acomodavam na mesma sala de aula e, a lousa
era dividida em quatro partes pela professora, portanto uma parte para cada
fileira, ou seja, série. Era uma alegria todo início de ano mudar de fileira!
Era o máximo, sinal de conquista.
A estrada de terra passava
ao lado da escola. Fazíamos companhia a nossa professora que ficava esperando
carona de suas colegas que vinham do vilarejo vizinho, Nova Palmira, conhecida
popularmente por Minhoca.
Minha casa ficava cerca de
quinhentos metros da escola. Havia certa inimizade entre os “alunos de baixo e
os alunos de cima”, é que a escola ficava no meio da antiga fazenda Limoeiro
que foi dividida em pequenos sítios. De
vez em quando os meninos rolavam na terra vermelha da estrada e os pais
acabavam envolvidos nas brigas de crianças. Os pais “de baixo” e os pais “de
cima”.
Havia no pátio da escola uma bela horta construída pelos alunos e
pela maravilhosa professora Therezinha, mas nunca usufruímos de nossas
verduras, pois a dona do sítio em que a escola estava localizada se sentia no
direito de surrupiar nossas hortaliças, inclusive as árvores ornamentais que plantávamos
nunca cresciam porque ela levava todas pra sua casa e, claro nunca nos pediu!
A água vinha do poço que
ficava no pátio da escola. Tínhamos que puxar água com balde. Minha mãe não
permitia que eu fizesse isso, tinha medo que eu caísse no poço, e as
professoras respeitavam a atitude de minha mãe. Sempre perdíamos corda e balde,
quando os esquecíamos no pátio da escola e não os guardávamos no “grupo escolar”,
era o nome dado ao prédio, quatro paredes com telhado de quatro águas, não
havia varanda.
Na Escola sob o nome de Córrego
do Jacu no Bairro das Casinhas estudei desde a primeira a quarta série, quarta
série que foi conquistada graças á luta encabeçada pelo meu pai, pois nos anos
anteriores a escola só oferecia condições de estudo até a o terceiro ano do
primário.
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